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Seria Paulo Freire o “Expecto Patronum” ou “Avada Kedavra” da educação?

Ontem, 19 de setembro de 2021, o educador brasileiro Paulo Freire completaria 100 anos de idade. Pernambucano, nascido em 1921, Freire ficou conhecido no mundo inteiro por teorizar a sala de aula como mecanismo de transformação social. Recebeu prêmios internacionais por seus trabalhos na área educacional, tem seu nome adotado por muitas instituições além de ser cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.

Todo professor já ouviu falar de Paulo Freire (sejam coisas boas ou coisas ruins), seja na graduação ou no dia-a-dia da escola. Eu já ouvi colegas o chamando de “paternalista” e outros de “exemplo”. Enfim, um nome comumente inserido em conversas e debates dentro da área educacional, mas difícil de se ouvir em outros contextos. Contudo, ontem as redes sociais (ao menos nas minhas) estiveram abarrotadas com publicações a respeito de Paulo Freire, e muitas por pessoas que não são professores. E me perguntei que fenômeno foi esse?

Não vou criticar a obra de Paulo Freire nesse texto, nem para o bem nem para o mal. Sabe o por quê? Porque eu NÃO ESTUDEI Paulo Freire na minha graduação. Simples assim! Eu tive contato com um de seus livros (Extensão e Comunicação – 1971) para elaboração da minha dissertação de mestrado que era focada na EJA e só! Paulo Freire publicou 37 obras (ao menos é o que diz o blog http://paulofreireufmg.blogspot.com/) e eu só tive contato com uma delas. Minha conclusão: não sou capaz de criticar sua obra e acho que essa seja a situação de muitos colegas de profissão (e não colegas) que, devido o nosso atual contexto político dicotomizado, se inflamam em suas posições e se valem das “figuras históricas” sem realmente conhecer a história.

No universo literário de Harry Potter, o feitiço “Expecto Patronum” é invocado para emanar uma alta concentração de boas energias capaz de espantar/anular o mal. No mesmo universo, também existe um outro feitiço chamado “Avada Kedavra“, o qual é fatal ao ser lançado contra uma vítima. E é isso que tenho visto: o nome de Paulo Freire ser proferido dentro dessa perspectiva “quase mística”, como um feitiço do bem ou do mal, ou como uma benção ou como uma maldição que no fimdas contas ninguém realmente chegou a beber das fontes original.

Repito: Não tenho nenhuma posição quanto ao trabalho e/ou a pessoa de Paulo Freire. Não vejo minha prática educacional influenciada diretamente por ele, mas pode que ser tenha sido indiretamente, não sei… Não sei dizer se o que penso tem algo em comum ou discordante das suas teorias, mas insisto: uma reflexão crítica, genuína e científica só surgirá em um meio onde os dois lados tenham sido exaustivamente ouvidos, estudados e debatidos e aí sim, cada um poderá invocar seu “Expecto Patronum” ou seu “Avada Kedavra” com propriedade.